25 novembro 2006

CRISTO REI


DOMINGO 26 de Novembro
SOLENIDADE DE CRISTO REI
Quase todos os reinos da terra são pequenos como jardins. E mudam frequentemente de jardineiro.
Os reis e rainhas deste mundo, transmitem uma coroa que de ouro só tem a cor. Passam a maior parte da sua vida a tentar dar-lhe brilho.
Os chefes da terra vivem vertiginosamente e, em breve, desaparecem da cena, como a glória vã e passageira deste mundo.
Os mestres intelectuais da terra duram, no máximo, o tempo de uma geração. Por vezes, são sepultados, ainda jovens, nas prateleiras frias das bibliotecas.
Os mestres espirituais são raros, e não é fácil encontrá-los.
Mas conheço um Rei verdadeiro. Foi, pelo menos, o que Ele disse um dia.
Está sempre vivo e reina desde há séculos e séculos, de tal maneira a sua palavra atrai, espanta, renova.
O seu reino não é daqui. É um reino de paz e de justiça, de amor e de perdão.
Todos O procuram. Mas pouco O encontram e O seguem, verdadeiramente.
O seu nome?
É conhecido, é sabido de todos: Jesus de Nazaré.
Onde está?
Não procures longe de ti. Olha dentro de ti, lá no mais íntimo do teu ser. Está no teu coração e no coração dos teus irmãos. É lá que Ele instalou o seu reino. É lá que o podes viver em plenitude, silenciosamente.
Mas um dia virá em que a sua glória se manifestará esplendorosa aos quatro cantos do mundo.
E tu?
Qual é o teu Rei?
Quem reina na tua vida?

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12 novembro 2006

SEMANA DOS SEMINÁRIOS


De 12 a 19 de Novembro, decorre a Semana dos Seminários.
É um tempo de oração pelos diversos seminários. É, também, um tempo de reflexão para todo cristão sobre o valor e papel do sacerdote para a Igreja e para a sociedade actual. É, ainda, um tempo de constatação e desafio. Se os padres são necessários porque Deus é necessário, como explicar e justificar a escassez de vocações sacerdotais? Será um sinal de falta de generosidade das comunidades cristãs, de falta de coragem dos jovens? Se a viúva do Evangelho deitou tudo quanto tinha para as obras de Deus, porque somos tão "acanhados" em dar a Deus quando somos tão voluntariosos a pedir-Lhe?
Como dizia Luiza Andaluz: "Dá pouco a Deus quem não Lhe dá tudo" ou, recordando Stª Teresa do Menino Jesus, "Amar é dar tudo e dar-se a si mesmo".
Lê a reflexão e oração para esta semana 2 posts abaixo e não te esqueças de responder à pergunta que Jesus te lança:
"Tu amas-me?"

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08 novembro 2006

NOSSOS AMIGOS OS SANTOS: B. ISABEL da Trindade

8 de Novembro de 2006
1º CENTENÁRIO da sua morte
Isabel da Trindade é mundialmente conhecida, pelo menos por quantos estão familiarizados com o Carmelo ou com a espiritualidade cristã. Jovem moderna da sua época, vestia a última moda de Paris sem, contudo, ultrapassar os limites da simplicidade. Com temperamento de artista, música e pianista excepcional, dançava excelentemente e era admirada por muitos pela sua elegância, simpatia e bondade. Nos bailes, ela dançava para ELE. Uma vez, uma amiga viu-a de tal forma transfigurada, que lhe segredou: «Isabel, estás a ver a Deus...» e ela apenas sorriu...Os amigos, falavam do seu olhar extraordinário por estar enamorada de Cristo e diziam uns aos outros: «Repara no seu olhar...ela não é para nós!». Veste-se com elegância. O seu penteado é impecável. Distingue-se no círculo das famílias dos militares...e um bispo orgulhar-se-á de ter dançado com Isabel na sua juventude. Isabel era extremamente alegre e com sentido de humor, até mesmo nas coisas sérias. Torna-se extraordinária ao piano. Ganha prémios a partir dos 13 anos, distingue-se nos jornais pelo seu génio musical e é, com frequência, convidada a participar nos concertos dados quer pelo Conservatório quer pelo grande Teatro de Dijon. Mais tarde, já no Carmelo, ela confidenciará à sua Madre Prioresa: «Quando me convidavam para os Concertos, antes de sair de casa, ia recolher-me em oração no meu quarto...pois conhecia a minha natural vivacidade...» e também: «Tinha medo dos aplausos, nem por nada quereria desgostar a Deus». Isabel deixou-se cativar pela beleza do Amor de Deus. Com temperamento «explosivo», travou duras batalhas contra si mesma, pelo Amor que tinha a Cristo. No Processo da Beatificação alguém testemunhou: «Não se pode explicar o rosto de Isabel, quando vinha de comungar...!». Podia ter casado com um jovem Médico, mas o seu coração estava já absorvido pelo Amor de Cristo, e não hesitou em entregar-se a Deus no Carmelo «para viver só para ELE». Dizia ela: «Amo-O tanto! Estou apaixonada por ELE!». Isabel entra no Carmelo aos 21 anos pois estava sedenta de Intimidade com Deus. “Vende” as Montanhas, os Concertos, o piano e tudo o mais, pois a experiência de ser tão amada por Deus, exigiu-lhe a resposta radical de entregar-se a fundo perdido.
O silêncio, os espaços e tempos de deserto, e a Oração contínua como Desejo de Deus, foram o ambiente encontrado por ela no Carmelo, para responder cabalmente ao Amor de Deus. Dizia a um amigo: «No Carmelo ELE encontra-se por toda a parte, desde o lavar da roupa até à oração». Quanto mais se identificava com o espírito do Carmelo Descalço mais se expressava em verdadeira alegria, dizendo: «Cada vez gosto mais do Carmelo!». Isabel desenvolveu a espiritualidade baptismal acessível a todo cristão. Foi um autêntico profeta da Presença de Deus. Descobriu o seu nome novo: «Louvor de Glória», como verdadeiro programa de vida Teologal que ela oferece a todo o baptizado A sua missão espiritual é universal e estende-se a todos os cristãos, para que vivam responsavelmente as realidades sobrenaturais que receberam pela graça do Baptismo. O seu magistério é actualidade permanente, porque se fundamenta na verdade eterna do Evangelho. É também um repto ao Homem, a quem interpela fortemente, a partir da sua experiência de mulher cristã. João Paulo II disse acerca dela: «É uma das maiores místicas do séc. XX pois foi um profeta da Presença de Deus na alma». Como todos os orantes, teve as suas noites escuras e viveu de fé. Contudo ela possuía um segredo: «permanecer sempre em Deus». Nos momentos de maior obscuridade e sofrimento, a jovem Carmelita manteve-se sempre encantadora. No Processo de beatificação, diz uma irmã da sua comunidade: «A Irmã Isabel apresentava-se sempre calma, sorridente... parecia que nada lhe custava!» Nos momentos de recreio da Comunidade, manifestava-se como um pequeno sol que não se escondia por detrás das nuvens. Tinha para cada uma das Irmãs uma palavra adequada, e cada uma pensava ser a mais amada por ela. Á medida que o tempo passa, Isabel respira fortaleza e serenidade, doçura e tacto fraterno. Nos testemunhos das irmãs que viveram com ela, aparecem sempre os mesmos rasgos fundamentais: alegria, simplicidade, disponibilidade, amabilidade, serenidade, simpatia e recolhimento. As Irmãs testemunharam: «Ela enchia-nos de alegria, somente pela forma como entregava uma carta. Alegrava-nos sem grandes falatórios...Todas as irmãs diziam o mesmo. Ela dava-se mil vezes de uma vez só. Para ela nada era banal. Em tudo quanto fazia colocava algo de grande..., e por isso, dava tanto!». De facto, recomendava Isabel a alguém: «Se estiveres desperta no Amor nunca serás banal!». Isabel da Trindade talvez seja a «santa» carmelita que mais se identifique com o Carmelo: o silêncio, o deserto, o desejo de Deus e a Intimidade com ELE foram nela, algo de singular. Foi definida pela sua Prioresa, Mestra e Confidente, como «Uma alma de uma só ideia.» A sua actividade foi interior e o que transbordava dela era um amor fraterno calmo e discreto: as suas ajudas às Irmãs eram silenciosas na mansidão, serenidade, paciência e no seu sorriso indescritível... A Prioresa disse no Processo: «Isabel era perfeitamente calma e despojada de si mesma!»
O Chamamento é isto: estar apaixonado por Cristo. Os afectos profundos ficam polarizados só n’ ELE e, então, tudo em nós age e vive em função d’ELE...O discípulo de Cristo necessita da experiência de ser amado por DEUS...oh! sim !!! A oração é necessária para que Deus se revele pessoalmente como AMOR...então tudo muda na nossa vida...
Se queres saber mais sobre ela e sobre o Carmelo clica em http://carmeloguarda.carmelitas.pt/

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05 novembro 2006

SEMANA DOS SEMINÁRIOS, 12 a 19 de Novembro


A vocação é uma questão de amor!
Amor a Cristo e à sua Igreja.

Por isso, na alegria da Páscoa,
Jesus olha para Pedro
e faz-lhe a pergunta fundamental:
“Tu amas-me?”
Só agora, depois de ter feito a experiência
do perdão do amor do Senhor,
Pedro é capaz de responder, com verdade:
“Senhor, tu sabes tudo; bem sabes que te amo”.
E Jesus pede-lhe: então, se me amas,
“apascenta as minhas ovelhas”.

Jesus, hoje, olha-te da mesma forma que a Pedro e pergunta-te:
“TU AMAS-ME?”
Que resposta lhe dás?

Até onde vai o teu amor por Cristo?

É verdadeiro ou não passa de palavras de circunstâncias?

Se verdadeiramente saboreaste na tua vida,
tal como Pedro, o amor que o Senhor te tem,
confiarás muito mais no carinho com que Ele te diz
“apascenta as minhas ovelhas”,
do que nos teus medos e projectos.
Deves ser honesto, diante de Deus
e de ti mesmo.

Não tenhas medo!

Entrega-te e confia!

Senhor Jesus,
obrigado pela generosidade de tantos sacerdotes
que, confiantes no Teu amor,
Te entregaram o coração e a existência.
Obrigado pelos nossos jovens seminaristas
que, fixando o olhar no Teu,
procuram, no mais íntimo das suas vidas
responder, com verdade,
ao Teu inquietante chamamento.

Senhor Jesus,
também a mim, como outrora a Pedro,
Tu Te diriges e perguntas:
“Tu amas-me?”.
Concede-me uma fé inabalável no Teu amor,
para que Te possa responder,
com verdade e sem reservas,
e a ti me entregue, sem medos ou condições.

Senhor Jesus,
ajuda-me a amar a Tua Igreja,
na qual aprendi a conhecer-Te e a amar-Te,
para que, vendo as suas necessidades,
acolha, com confiança, o Teu pedido:
“Apascenta as minhas ovelhas”.
Que em mim se cumpra o que Tu queres
e não o que eu quero.
Ao teu amor me entrego
e consagro a minha vida.

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03 novembro 2006

ORDENAÇÕES SACERDOTAIS


Chamam-se Ângelo, João e Ricardo. Têm, respectivamente 25, 28 e 25 anos. São bons rapazes e… celibatários. Mas, na verdade, já estão comprometidos. No passado dia 2 de Julho, perante o seu bispo e a comunidade cristã, reunida na Sé Catedral, prometeram entregar-se, livre e exclusivamente, ao serviço do Reino como sacerdotes diocesanos. Todos já desenvolveram trabalho pastoral por diversos lugares da diocese mas, agora, como padres abençoam com a sua presença e doação diversas comunidades: Arciprestado de Rochoso, no caso do Ângelo, Silvares e “arredores” para o João. O Ricardo, esse, integra a actual Equipa Formadora do Seminário Maior. Convosco, quiseram partilhar o seu testemunho. A todos eles, desejamos um bom trabalho pastoral.

O que significa ser padre? Para quê? Porquê? Terá sentido, na actualidade, um jovem “apostar” neste projecto de vida?
Estas e outras perguntas surgem perante a ordenação de novos sacerdotes. E, quem melhor do que eles, para lhes responder. Aqui ficam as suas palavras.

UMA LONGA CAMINHADA
Tudo começa pela descoberta, lenta e progressiva daquilo que Deus quer. Esse processo desenvolve-se num tempo e espaço chamado seminário. Sobre isso refere o Ricardo: «Tenho de dizer que não foi algo, da minha parte, de muito extraordinário, o extraordinário foi e é a acção de Deus em mim. Aqui está o início e a meta da minha vocação. Enquanto fui crescendo como seminarista tive momentos muito belos e também alguns menos bons, porém, com a ajuda dos superiores, dos colegas e sobretudo com a sempre presença de Deus, soube ultrapassar as dificuldades com que me deparei.
É maravilhoso querer descobrir qual a vontade de Deus para nós; Deus deixa-nos pistas e nós lutamos por segui-las.»

UMA NOVA ETAPA
De tanto seguir, acabamos por encontrar. A ordenação não é uma meta, mas antes um ponto de partida, um novo desafio para novas metas. Então o que significa ser sacerdote? Responde o Ângelo: «Ser sacerdote é sê-lo em relação de comunhão com todos os que me rodeiam e por isso ser transmissor do Amor de Deus; ser elo de ligação entre a terra e os Céus; ser orientador de muitos na simples humildade das palavras e das atitudes; ser verdadeiro com o bem e com o mal; ser defensor da justiça; ser sinal de fé; ser modelo de vida!
Esta é uma missão difícil que assumo com a ajuda de Deus, com a sua mão carinhosa que me ampara, com a Sua Palavra de cada dia, com o Seu Amor. Sem Deus nada sou, nada quero ser e nada posso ser! Ser sacerdote é uma consagração da vida, para a vida e na vida!»

E o que diz o Ricardo?
«Desde a minha ordenação sacerdotal, tenho consciência que concretizei e finalizei o que atrás foi dito, contudo, comecei uma nova etapa sem que a meta fosse alterada. Como padre têm-me perguntado se me sinto o maior, e tenho de responder que me sinto o mais pequenino de todos os seres, pois eu interrogo-me a mim mesmo como é possível e tão imenso o Poder de Deus – por meras criaturas Ele Se torna presente no meio dos homens e se Deus o faz, utilizando-me, é sinal que o que conta não sou eu, mas a Acção de Deus em mim e quando nós agimos de acordo com a vontade de Alguém, significa que somos servos e não senhores. Daí a vontade expressa por Maria: “fazei tudo o que Ele vos disser” no que se refere ao cumprimento da Vontade de Deus e as palavras de S. Paulo: “já não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim” ao nosso modo de existirmos em função de Deus.»

O João, por sua vez, acrescenta: «O meio de viver este ministério na fidelidade é ser padre à maneira de Jesus Cristo. Uma das passagens bíblicas que mais me inspiram, neste momento, é o capítulo 34 de Ezequiel, no qual é lembrado que o sacerdote é pastor do rebanho do Senhor e não de si mesmo.»

UMA ORAÇÃO
Tudo isso é, na verdade, obra de Deus. Para Ele são, pois, estas palavras do Ângelo: «O Reino de Deus é tão grande e imensamente belo, que o quero partilhar no cuidado pastoral com os outros sacerdotes. E todos aqueles que são Teus, meu Senhor, também passarão a ser meus, porque agora seremos um só: Tu és a minha cabeça e eu serei os Teus membros para chegar onde Tu precisares de mim. Tudo quanto tenho vem de Ti e ao Teu serviço eu me ponho.
Com todo o povo vou rezar, por ele vou orar e a Ti me entregar.
Só Te peço duas simples coisas meu Senhor: que eu saiba sempre discernir o bem do mal, que saiba ter esperança em ti, acreditando sempre que Tu não me faltarás.»

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CONSAGRAÇÃO RELIGIOSA

Monte Real, Leiria.
8 de Setembro de 2006.
No Mosteiro de Santa Clara, a Maria de Lurdes, uma jovem de S. Miguel da Guarda, professava solenemente na Ordem de Santa Clara. Esse dia, é o fruto de uma longa caminhada da descoberta de Deus e do chamamento que lhe dirigiu. Aqui fica o seu testemunho que é, simultaneamente, um desafio:

V.A.- Como explicas a Vocação?
Maria de Lurdes: A história da vocação é sempre inexplicável. As palavras humanas são insuficientes. É um mistério de amor que tem origem em Deus, é Ele quem toma sempre a iniciativa. Ele diz: “Estou à porta e chamo; se Me abrires a porta, entrarei em tua casa e cearei contigo” (Ap 3, 20)
Impelida pela força do Espírito Santo a seguir as pegadas de Jesus pobre, obediente, casto e “enclausurado” no sacrário, Aquele que totalmente se entregou ao Pai, cumprindo plenamente os Seus desígnios, aceitei o desafio à radicalidade de uma entrega total.

- Terá sido fácil para ti, tal “radicalidade”?
Apesar de eu dizer: tudo, menos a Vida Religiosa! E… clausura nunca! Após inúmeras resistências e oposições à Sua vontade, ao perceber o Seu projecto de amor para mim, tive de me render, porque Ele é mais forte. E, ao meu coração, Ele segredou numa voz perceptível: “Vem e segue-Me!”
Quem poderá furtar-se à força do Seu amor? Ele tudo abrange…

- Recordas alguns factos ou datas marcantes da tua caminhada vocacional?
No crepúsculo daquele dia 16 de Junho de 1997, o Amor omnipotente arrancou ao meu coração um sim consciente, que eu quero pleno e disponível aos seus desígnios. Agora, era preciso descobrir onde e quando o coração de Deus tinha marcado o meu lugar, qual a hora.
A Virgem Imaculada não tardou em vir conduzir-me, pela mão, a Monte Real.
No dia 27 de Agosto de 1998, ao conhecer as Irmãs Clarissas deste Mosteiro, mesmo sem querer, fui apanhada e fiquei presa à porta do sacrário, quando diante do Senhor me prostrei, de alma ajoelhada. No Coração de Deus coloquei toda a minha existência, a minha vocação, pois, num certo dia 17 de Maio de 1997, o Espírito Santo havia-me feito sentir e compreender que só na radicalidade se consome o verdadeiro amor. Descobri que só Cristo é o caminho para o Pai, a Verdade única e imutável, a Vida que não morre, a Fonte pura de felicidade.
No mais íntimo de mim mesma ressoou: “Amei-te com amor eterno”. “A Deus nada é impossível!” (Lc 1, 37).

- Não tens receio, perante o grande desafio que aceitaste, de vacilar… de te arrependeres?
Pelo amor, Jesus far-me-á chegar ao cume do Tabor, onde se revelará em plenitude e nenhum obstáculo conseguirá deter-me, se eu for firme e resoluta na minha decisão. Ele fez-me, então, descobrir que o coração humano não pode encontrar a saciedade plena na criatura, pois só o infinito corresponde às suas profundas aspirações: “ao deserto te conduzirei para aí te falar ao coração” (Os 2, 16). Só Deus lhe pode dar a plenitude.
Escolhi, por isso, um Esposo Eterno, que a própria morte jamais conseguirá roubar-me. Descobri a minha vocação: ela é precisamente essa aliança de amor que Deus quis fazer comigo e que agora é selada pela Profissão Solene. Esta engloba quatro votos: Pobreza, Obediência, Castidade e Clausura.

- Fala-nos, um pouco, sobre esses votos ou compromissos.
A pobreza significa deixar para trás tudo o que escraviza, e encontrar o caminho livre que conduz só a Deus, à plenitude. A Pobreza atinge a sua expressão plena e desconcertante precisamente na clausura.
A obediência leva-nos a cumprir unicamente a vontade de Deus. Longe de nos atrofiar ou limitar, conduz-nos à autêntica liberdade dos filhos de Deus que, destemidamente, com Ele se comprometem. O homem só é livre quando se coloca inteiramente nas mãos de Deus!
A castidade consiste em deixar-se possuir absolutamente por Deus e conservar um coração puro e indiviso, que não se afasta do Criador. Mediante a castidade, a Irmã Clarissa realiza a sua plena consagração, aderindo Àquele que é o único necessário e imutável.
Pela clausura, o amor da Irmã clarissa não tem fronteiras nem limites. Em Cristo, ela abraça o Universo. A sua vocação é o amor que a torna missionária a tempo inteiro.

- A clausura parece, visto de fora, o mais difícil. Qual é o segredo?
Só a força deste amor seduz uma jovem à clausura. E, sem ele, como seria possível a opção pela clausura? A Irmã Clarissa retira-se a sós com o Mestre e recebe o que só Ele pode e sabe dar àqueles que O seguem. Qual outro Moisés, permanece em oração sobre o monte, torna-se sentinela vigilante na casa de Deus e a ponta do diamante. Sentinela que vigia sem cessar, à espera da aurora, diamante que corta, pela raiz, toda a ambição fora de Deus!

- A vida da Irmã Clarissa é, essencialmente, contemplativa. O que significa isso?
A vida contemplativa é uma busca incessante de Deus e o eterno desejo de contemplar o mais belo dos filhos dos homens, até poder dizer como S. Paulo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim!” A luz de Deus fez-me ver que “as águas torrenciais não conseguem apagar o amor, nem os rios o podem submergir” (Cant 8, 7), mesmo quando este se encontra “oculto” na clausura!
As vidas “escondidas” na clausura, são o “Coração da Igreja”, como disse o papa João Paulo II. Assim, a vida de uma Clarissa, é uma vida para Deus, a Ele plenamente entregue, consagrada e dedicada em cada instante. Ainda que separada do mundo, jamais poderá ignorar e esquecer vicissitudes, sofrimentos, necessidades e as ansiedades que a humanidade inteira carrega sobre si mesma.
Segundo Santa Clara, a Clarissa, deste modo, torna-se “colaboradora do próprio Deus e suporte dos membros mais débeis do “Corpo Místico de Cristo”.

- É esta, portanto, a vida que escolheste para ti?
O olhar divino que seduziu Santa Clara foi o que me seduziu e marcou a mim. Chamou-me a um lugar apartado para me guiar rumo ao infinito: “Ao deserto te conduzirei para te falar ao coração”. Esse lugar, no meu caso, é a clausura.
Se a clausura, antes, estava excluída dos meus horizontes e opções, agora traduz a radicalidade de uma opção, de uma entrega a Deus, o anseio da plenitude, que me impele para Aquele que me fascina.

- Hoje terá ainda sentido a vida de clausura?
Na clausura, faz-se ecoar o grito duma fé inabalável como a de Santa Clara: “A alma fiel torna-se mais digna de todas as criaturas, mesmo maior do que o Céu. A alma crente transforma-se em mansão e trono de Deus”. E, assim, Clara bastou para dizer que a vida é bela quando Deus a preenche.
Talvez hoje, como nunca, a radicalidade seja a palavra que mais seduz os jovens. Para mim, a clausura é parte do amor que quero retribuir ao Senhor com radicalidade, pois Ele deu a Sua vida por mim. Nesta sociedade tão voltada para lucros fáceis, para o imediato, escutemos o convite do Mestre junto ao lago: “Faz-te ao largo!”
Tu, se és jovem como eu, não hesites, não temas, diz um Sim radical a Deus.

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SER IGREJA (II)

LIGA DOS SERVOS DE JESUS

Onde moras?
Em muitas paróquias desta diocese, como fermento na massa, e colaborando com o pároco na Acção litúrgica, Catequese, Visita aos doentes, Animação de grupos, Divulgação da Boa-Imprensa, Arranjo da igreja, etc.
Vivendo em comunidade, de forma estável, nesta diocese, estamos na Guarda e Guarda-Gare, Outeiro de S. Miguel, Rochoso, Cerdeira do Côa, Ruvina, Lagarinhos, S. Romão, Celorico da Beira, Manteigas, Fundão, Alcaria, Covilhã, Orca.

E tu, gostarias de passar um fim-de-semana connosco?
Trabalhamos com pessoas velhinhas, doentes, crianças, adolescentes e jovens, alguns chamados de “risco”. Pediu-nos o Sr. Bispo que estivéssemos no Paço Episcopal, Seminários, Centro Cultural da Covilhã e Centro Apostólico da Guarda.


O FUNDADOR: D. JOÃO DE OLIVEIRA MATOS

EM PROCESSO
DE CANONIZAÇÃO

Conhecido no seu tempo como «bispo da Eucaristia», tem concedido, com generosidade, muitas graças a quem lhas pede, parecendo especialmente diligente nos favores de ordem espiritual.
Desde que a conferência episcopal autorizou a abertura do processo de beatificação, tem sido possível publicar um documento periódico com o relato das intervenções celestes que são atribuídas à intercessão deste servo de Deus que morreu com fama de santidade.
A sua biografia consta de vários livros, artigos e resumos que não são difíceis nem de encontrar, nem de pedir. Os seus gestos e palavras estão, ainda, na memória daqueles que privaram com ele e que podem dar o seu testemunho do que sabem, viram e ouviram.
Tem sido concordante o seguinte depoimento: «As missas por ele celebradas elevavam a assembleia». Morreu no Outeiro de S. Miguel em 1962.

UM SANTO «NOSSO»
João de Oliveira Matos Ferreira provém da freguesia de Valverde (Fundão), duma família cristã e foi em 1920 nomeado visitador da diocese da Guarda.
Fez de tudo: inspecção dos livros paroquiais, longas horas no confessionário, pregação ao povo, doutrinação do clero, formação de pequenos núcleos de espiritualidade, administração do crisma, prestação de serviços aos pobres, etc.
Nestas terras generosas e hospitaleiras, em que lhe recheavam a mesa e enfeitavam os aposentos, ganhou fama de asceta pelo pouco que comia e longas horas que roubava ao sono para se dedicar à oração.
Já nessa época, a sua mística tendia a orientar-se para o culto da Eucaristia. Uma visão profética ganhava contornos e nitidez no mundo utópico do Visitador: «Fazer de cada cidade, vila ou aldeia um convento», transformar cada agregado populacional numa comunidade cristã de fé viva, testemunho convincente.
D. João dispunha de um talento que aproveitou de forma empenhada: Orientador de retiros. Não havendo casas próprias, procuravam-se as casas de gente cooperantes. A casa da família Corte Real, na Lageosa do Mondego, da família Correia na Ruvina, das irmãs Nogueira em S. Romão, dos Dinizes na Cerdeira e Rochoso e são apenas alguns exemplos.
Criou-se assim um movimento novo na Diocese: a Liga dos Servos de Jesus. O superior é sempre o bispo residencial, e tem como patronos, a Imaculada Conceição, S. José, S. Miguel, e Santa Teresa do Menino Jesus. Os seus membros podem viver em comunidade ou na política, nas câmaras, nos empregos, e nas famílias. Nas palavras do fundador podem pertencer à Liga: homens, mulheres, casados, solteiros, e até doentes.

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BEM AMAR (II)

“NAMORO” EM REDE…

Navegando tranquilamente pela Net, escrevi a palavra “namoro”. Surgiram no ecrã vários convites a inscrever-me em sites para conhecer “novos amigos” , para “encontrar o par ideal”, para “sexo” e até encontrei um lugar onde podia promover o namoro para o meu cachorro. A lista de oportunidades abertas pela palavra “namoro” era enorme. No entanto, não consegui encontrar nela, nada que se parecesse com o namoro em que acredito. Em primeiro lugar, conhecer novos amigos é muito agradável mas, a amizade constrói-se aos poucos, com base na generosidade, estima recíproca e compreensão. Não é, portanto, algo que se encontra já feito mas que vai surgindo e se vai consolidando. Por outro lado, a relação de amizade é diferente da de namoro, e, embora a primeira possa, em alguns casos, conduzir à segunda ,não são, de facto, sinónimas.
Se tu, que estás a ler, pensas que a tua vida gira à volta do teu amigo ou amiga; se te é difícil dar um sentido a tudo quanto fazes sozinho, pois os teus pensamentos estão constantemente centrados no teu amigo / tua amiga; se sentes permanentemente falta da presença do teu amigo /amiga; se tens uma vontade enorme de saber o que é que o teu amigo / amiga pensa sobre ti e sobre o amor…, então podes estar enamorado e a confundir amizade com outra coisa… Talvez o que sentes possa transformar-se numa profunda relação de partilha: o namoro.

Voltando às possibilidades abertas na net…, o “par ideal” não existe já moldado à nossa medida: a relação de namoro constrói-se com base no conhecimento e crescimento mútuos. A ninguém podemos atribuir o rótulo de “par ideal”. Se o fizermos, partimos do princípio que essa pessoa é estática, que o seu amor não pode aumentar durante o namoro, que essa pessoa está já feita à nossa medida e que, por isso, nós não precisamos de fazer nada para lhe agradar, nem temos que a aceitar na sua diferença, na sua individualidade.

O namoro e seus desafios
Uma relação de namoro implica amor. Ora o verdadeiro amor é dedicação ao outro para bem dele; é saber respeitar a sua personalidade e liberdade, é ser capaz de dar o primeiro passo para resolver uma zanga; é aceitar um pedido de desculpas com um sorriso e não com um amuo ou com aquele ar de “eu bem te disse!”. Nada disto vem incluído no “par ideal”; todo este caminho se faz caminhando.
Quanto ao “convívio”, este faz parte do namoro, pois é preciso conviver para que haja cada vez uma maior aproximação entre os namorados. No entanto, dizer que namoro e “convívio” são sinónimos é bastante redutor.
O namoro associado a “sexo” faz-me pensar numa conhecida e actual publicidade a uma marca de preservativos cujo mote é algo como “amar é adaptares-te completamente”. O que estas palavras sugerem é claramente mostrado nas imagens que as acompanham: um rapaz e uma rapariga, jovens, que se preparam para uma relação sexual. Será que estes dois jovens representam a generalidade das relações de namoro na actualidade? Esta questão levou-me a usar de novo o teclado do PC para, desta vez, escrever a palavra “jovens”. Bastou-me abrir duas ou três páginas para perceber que há jovens que procuram viver toda a sua vida de acordo com a vontade de Deus. Alguns mudaram radicalmente para responderem ao apelo que Deus lhes fez, em determinada altura das suas vidas. E o que é que Deus pede aos jovens namorados? Pede-lhes a escolha consciente de gestos de ternura que não ultrapassem os limites da castidade. Diz-me a experiência que esta é uma tarefa difícil. A oração pessoal e a dois é um meio para conseguir junto de Deus a força necessária para resistir aos impulsos da natureza humana.
A castidade é uma prova de amor: “amo-te tanto que quero guardar o dom total de mim até ao casamento e confio em ti para me ajudares a fazê-lo!”.
E, da próxima vez que quiser saber mais sobre o namoro, enviarei a Deus um mail em forma de oração: Senhor, ensina-me a amar!

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PARABÓLICA (II)

A propósito de ecumenismo e de saber viver (conviver) com os outros aqui fica esta parábola que revela, o preço que a comunhão tem, mas, ao mesmo tempo, nos ajuda a perceber que, sem ela, a vida deixa de ter sabor.
Bom apetite!


VAI UMA SOPA DE CEBOLA?!

Frei Pantaleão era um cozinheiro exímio, que fazia as delícias da comunidade com um prato único e invariável e que todos achavam uma delícia. Até os monges mais doutos e sabidos nas Escrituras o consideravam um dos alimentos mais completos.
Chamavam-lhe o 365 por ser servido todos os dias ou quase. Este menu quotidiano era simplesmente uma sopa de cebola.
Aqueles santos monges, no seu desprendimento das coisas deste mundo, nunca se tinham preocupado por saber quais os ingredientes com que Frei Pantaleão preparava aquele prato tão trivial e tão especial.
Um belo dia de capítulo conventual, como o abade tivesse acabado antes do tempo as monições e as recomendações habituais, a conversa fraterna recaiu precisamente sobre o 365, isto é, a sopa de todos os dias, tão bem condimentada e tão apreciada por todos os monges.
- Diga-nos, irmão cozinheiro, o segredo da sua receita – pediu o venerando superior.
Frei Pantaleão não era homem de segredos e respondeu logo:
- É muito simples, reverendo padre. Numa panela cheia de água, começo por deitar duas boas colheres de sal.
Frei Primário ficou logo vermelho como um pimento.
- Como? Duas colheres de sal? Não é possível. Eu, que tenho a tensão alta, estou a tomar sal sem o saber?! Não pode ser, irmão Pantaleão, isso é um crime contra a minha saúde.
Frei Pantaleão, na sua grande caridade, anotou a alta tensão de Frei Primário e prosseguiu: depois junto-lhe uma colherada bem coagulada de pimenta.
- De pimenta? exclamou Frei Vantanias. Ora eu, que, por mal dos meus pecados, sofro do fígado e você vai logo deitar pimenta na sopa. Frei Pantaleão respondeu que sim senhor, que o fígado de Frei Vantanias devia ser respeitado e que, portanto, daí para a frente não deitaria pimenta na sopa.
E prosseguiu: depois derreto muito lentamente, numa tigela, 200 gramas de manteiga.
- Como? Exclamou um tanto indignado Frei Espinafre. Eu que tenho colesterol a mais e não há nada pior que a manteiga para o colesterol.
Sempre com muita paciência, Frei Pantaleão tomou nota do alto índice de colesterol de Frei Espinafre e prosseguiu: quando a manteiga estiver derretida, deito nela a cebola picada.
- O quê? Cebola picada? Interveio meio descontrolado Frei Cólicas. Agora compreendo esta aflição intestinal, esta vida interior sempre perturbada, que não me deixa dormir descansado.
Esta confissão das fraquezas interiores de Frei Cólicas que fez sorrir os monges, mereceu também a atenção de Frei Pantaleão e lá tomou nota para não pôr cebola picada na sopa.
E prosseguiu: logo que a cebola picada começa a aloirar, deito-lhe três colheradas de farinha.
- Três colheradas de farinha? Exclamou indignado Frei Rotundo. Eu que estou proibido de tomar farináceos por causa da minha obesidade e você vai deitar na sopa três colheradas. Por favor, Frei Pantaleão, em nome dos meus 95 quilos, tudo menos farinha na sopa. Frei Pantaleão achou justa a reclamação de Frei Rotundo, até por que falar em 95 quilos era muita modéstia da parte de Frei Rotundo. O volume esférico que se via a olho nu apontava bem para mais do que para menos.
E prosseguiu: quando a água da panela começa a ferver, deito-lhe dentro o preparado da tigela, de modo que tudo fique bem misturado. Por último, acrescento-lhe uma boa quantidade de calda de frango.
Esta é que o Frei Verduras não pôde engolir. – Calda de galinha? Ora eu que sou vegetariano, que de carne nem o cheiro, e o irmão impinge-me calda de frango. Por favor, Frei Pantaleão, ponha na sopa tudo o que quiser, mas não me obrigue a faltar aos meus propósitos dietéticos.
Uma vez mais, o paciente Frei Pantaleão, tomou nota da dieta de Frei Verduras.
No dia seguinte, os monges viram, com espanto, na sua frente, uma grande panela de água quente, tão pura que até se lhe via o fundo.
Todos estavam a pensar que também não era preciso exagerar até esse ponto, pois afinal, apesar das mazelas de cada um, todos apreciavam a sopa e ainda ninguém tinha morrido por causa dela, quando Frei Jeremias, que não tinha estado na reunião do dia anterior, fez sinal a Frei Pantaleão, pois não podia quebrar o grande silêncio, a pedir-lhe para ir buscar a sopa do costume, pois a água quente assim brava e ao natural, irritava-lhe o estômago, pois desde miúdo que sofria de gastrite crónica.

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SOLIDARIEDADE & MISSÃO

A Cáritas Diocesana da Guarda propõe, a quem o desejar, iniciativas concretas em favor da Missão de Nossa Senhora das Graças, em Murrupula, Moçambique, dinamizada por dois missionários de São João Baptista, oriundos da nossa diocese e com a qual tem já colaborado.
A primeira iniciativa refere-se a uma campanha de apadrinhamento de crianças daquela missão através da qual, cada “padrinho”, por meio de um contributo anual (100 euros) fará com que um “afilhado” tenha acesso durante o mesmo ano a alimentação, educação, roupa e material escolar. Outra iniciativa é apelar a um contributo monetário, para a aquisição de um tanque cisterna de distribuição de água, para aquela Missão, no valor de 12 mil euros, e que visa abastecer de água uma grande extensão daquela missão em ordem à produção de bens alimentares.

Informa-te no site da Cáritas: www.caritas.pt/guarda

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