30 janeiro 2007

A VIDA, UMA VOCAÇÃO


Toda a vocação é, na sua origem, um chamamento (do latim vocare – chamar). Ora, o primeiro chamamento de que somos alvo é a vida. A existência não é uma escolha nossa. É um convite, ao mesmo tempo, um desafio. Somos “convocados” por iniciativa de Deus e por colaboração de nossos pais que nos desejaram e aceitaram a nossa “vinda”. Não existe felicidade se, antes, não existir vida. Sem esta, nada é possível, desejável, realizável. VIDA É VOCAÇÃO.
Num segundo tempo, a existência é uma contínua resposta ao chamamento inicial. Se fomos chamados, é para algo. Mas, o quê? Temos esta vida para descobrir, por vezes, através de situações difíceis e exigentes.
Assim, torna-se importante reflectir se temos o direito de impedir, melhor dizendo, interromper uma vida que foi chamada, independentemente do desejo (ou falta dele) que nela depositamos. Se não possuímos a faculdade de o decidir por nós próprios aquando da nossa vida intra-uterina, de que forma poderemos nós decidir pelos outros. Se Deus chama à vida, como posso eu chamar à “não-existência”. Atribuo-me, a mim mesmo, o poder de Deus: decidir sobre os outros. Bem sei que isto não está contemplado em nenhuma lei. Mas pode e deve estar no meu coração. Na verdade, a nossa vida não se rege tanto por códigos legais, muito menos penais, mas sim pelo nosso coração. Pois é por ele que responde ao “chamamento” porque a VIDA É VOCAÇÃO.
A minha… e a dos outros.

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REFLEXOS DE DEUS: Abbé Pierre

O Abbé Pierre, foi o fundador do movimento internacional Emaús. Heni Grouès, o “Abbé Pierre”, é o quinto filho de uma família de cinco rapazes. Nasceu no dia 5 de Agosto de 1912 em Lyon, França. Quando tinha 15 anos, no decurso de um congresso de jovens cristãos em Assis, sentiu “a emoção indescritível” da revelação. Ingressa no convento dos Capuchinhos, onde passou a chamar-se "Padre Filipe", tendo renunciado à herança do património familiar e distribuído o que possuía a diversas instituições de caridade. Foi ordenado em 1938. É nomeado vigário na cidade de Grenoble, antes de se empenhar na Resistência durante a II Guerra Mundial – período em que ajudou muitas pessoas a fugir para a Suíça, sendo conhecido, na resistência, como "Abbé Pierre". Em Novembro de 1949 fundou a associação Emaús, uma comunidade que se consagra à construção de casas provisórias para sem-abrigo, financiada pela revenda de objectos de recuperação. O Movimento de Emaús abarca hoje perto de cem comunidades em que vivem e trabalham mais de quatro mil pessoas, em trinta países dos cinco continentes.
Em 1954 dá-se o que ficou conhecido como o “apelo de Inverno 1954”, particularmente frio e tendo vitimado pessoas “sem abrigo”. Através da Rádio, o Abbé Pierre apela à “insurreição da bondade” sensibilizando a população em geral e o poder político. Até ao final da sua vida não se calará perante todas as formas de injustiça social, percorrendo os cinco continentes, tornando-se uma consciência crítica da vida política e religiosa. Ele será a Voz dos sem voz. Repetia vezes sem fim: “Não esperem de mim que fique tranquilo! Se sofres, dói-me. Então, há momentos em que grito em mim, porque o mal dos outros, verdadeiramente, torna-se meu.” Para ele, era inconcebível ser-se cristão sem assumir uma fé credível pela prática da caridade: "A verdadeira caridade não consiste em chorar ou simplesmente em dar, mas em agir contra a injustiça".

Era, sem dúvida alguma, o francês mais amados dos franceses, algo notório para um país declaradamente laico.
Vários são os livros traduzidos e publicados em Portugal. Recomenda-se, por exemplo: “Testamento”, “Obrigado Senhor”, “As quatro verdades”…
Entre as suas afirmações, desafia-nos muito a seguinte: “Não somos livres de amar ou não amar. Somos livres para amar”. Resta-nos continuar, cada um a seu jeito, a verdade que ele deixa: o Evangelho continua a ser possível.

“Quando sofreres, ama com mais força
Ama os que choram mais lágrimas do que tu
Têm mais frio, mais fome, e estão mais sozinhos
Quase inexistentes, mais ausentes em si mesmos
Não há para ti outra alegria profunda possível
Ama-os muito…”

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23 janeiro 2007

ABBÉ PIERRE


A lucidez do Abbé Pierre.
Aqui ficam algunas das suas palavras que revelam a sua capacidade de ver o mundo e a vida do homem.
"Amar consiste em, quando o outro é feliz, eu sou feliz também. E quando o outro está em desgraça ou sofre, então eu passo mal também. É tão simples como isso. Então digo: a vida é um pouco de tempo oferecido com liberdade para se quiseres, aprenderes a amar, com a certeza de que há que lutar contra o mal.
Sentido da criação: que o amor responda ao amor. Se não existisse esse ponto culminante em que duas liberdades podem consagrar-se e amar-se, toda a criação seria absurda. (...) Naturalmente, todos os humanos vão à procura da felicidade. Mas viver uma vida cristã autêntica não é procurar a felicidade a todo o custo. É procurar amar, a qualquer preço.
Ao dizer isto sou muito consciente duma derivação que há que evitar e na que caem muitos cristãos: a do "dolorismo". Contra o que sempre nos ensinaram, o mérito não guarda nenhuma relação com a dificuldade. O mérito mede-se pelo amor com que se realiza um acto e não pelo que custa (dolorismo).
O dolorismo é uma abominação e uma caricatura da vida cristã que consiste em buscar o sofrimento, ou em comprazer-se com ele, com o pretexto de que Jesus sofreu. Não. Simplesmente há que aceitar a vida tal como ela se apresenta, e se não se pode evitar o sofrimento, então mais vale aceitá-lo com amor do que fugir fechando-se nele mesmo".

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22 janeiro 2007

TEMOS MAIS UM SANTO NO CÉU


ABBÉ PIERRE
5 de Agosto de 1912 ~ 22 de Janeiro de 2007

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21 janeiro 2007

SEMANA DA UNIDADE (III)


Deus eterno e todo-poderoso,
Tu, que reúnes o que está disperso
e constróis a unidade como que reúnes,
olha com amor para a Igreja de teu Filho:
pedimos-te que unas na totalidade da fé
e com o laço da caridade
todos os homens consagrados por um mesmo baptismo
em Jesus, o Cristo, nosso Senhor.

Deus, que amas os homens, nós te pedimos:
apoia-nos com o poder do teu Espírito;
respondendo melhor à nossa vocação,
daremos testemunho da verdade
e podermos procurar com confiança
a unidade dos crentes na paz do teu Filho,
Jesus, nosso Senhor.

Senhor, anima a tua Igreja com o sopro do Espírito:
que ela avance no amor da verdade
e trabalhe com um coração generoso
para a unidade de todos os cristãos,
em Jesus, o Cristo, nosso Senhor.

Mostra-nos, Senhor, até que ponto nos amas,
e, pela força do teu Espírito,
aproxima os cristãos divididos:
que a tua Igreja apareça claramente
como teu sinal no meio do mundo,
e que o mundo, atraído pela sua luz,
creia em Jesus, teu Enviado,
o Cristo, nosso Senhor.


(Ofício da Comunidade Ecuménica de Taizé)

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20 janeiro 2007

SEMANA DA UNIDADE (II)


ORAÇÃO PELA UNIDADE

Senhor Deus, nosso Pai,
nós Te agradecemos
poder juntos invocar-Te
e escutar Tua Palavra
de vida e de esperança.
Diante de Ti somos iguais.
Tu conheces nossa vida
em todos os seus pormenores.
Tu não nos esqueceste, e até mais,
Tu amas-nos e vens hoje ainda
encher as mãos vazias
que nós Te estendemos.

Pelo sofrimento e a morte
de Teu Filho Jesus Cristo,
tomaste sobre Ti
nossas trevas e nosso medo
a fim de podermos conhecer
a alegria e a luz.
Nós Te pedimos
que nos concedas Teu Espírito
para que a leitura
e a pregação da Tua Palavra
cheguem ao fundo do nosso coração
e do nosso espírito
e dêem consistência à nossa vida.

(da liturgia da Igreja Evangélica Valdense, em Itália)

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18 janeiro 2007

SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS

De 18 a 25 de Janeiro decorre a chamada SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS. Este oitavário pretende sensibilizar todos os cristãos para a necessidade de aproximação e mútua compreensão das diversas Igrejas cristãs (católica, ortodoxa, protestante e anglicana).
Para além de orarmos pela unidade convém conformar a nossa vida com os nossos propósitos: assumamos atitudes concretas de respeito, tolerância e aproximação encontrando no outro um irmão a estimar.



Onde estiverem dois ou três reunidos
Só por causa de Ti, ó meu Senhor
Certamente eles serão atendidos
Porque Tu és dos homens mediador.

Pai, chegou agora, a Tu hora.
Glorifica no Filho a todos nós
Guarda no Teu nome e sem demora
Aqueles que sem Ti se encontram sós.

Como percorreremos o caminho
Se Tu, Senhor, não vais ao nosso lado?
Sem Ti, meu Deus, eu ficarei sozinho
Lava minha traição feita pecado.

O nosso egoísmo dilacerou
A túnica que Maria teceu;
Cada qual viu, cortou, apropriou.
O que era unidade se perdeu.

Conserva-nos na fé, Senhor Jesus,
Dá-nos o dom da reconciliação
Na força divina da Tua cruz
Sede único pastor da salvação.

Ajuda-nos, ó Deus, a dizer sim
Levando às ovelhas Tua Palavra
Corações fechados não têm fim
Fazei, Senhor, que Teu amor os abra.
Ámen.

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06 janeiro 2007

EPIFANIA (II)


Alguns dizem que, nestes tempos que são os nossos, já não há estrelas a brilhar nos céus,
que Deus já não indica a sua presença às pessoas
que na terra correm preocupadas apenas com as pequenas felicidades.
Não têm razão.
Cada homem é uma estrela.
Cada mulher é uma estrela.
Cada criança é uma estrela.

Realizam gestos e pronunciam palavras que fazem brilhar a sua confiança em Deus,
que fazem brilhar a sua generosidade que vence todo o egoísmo,
que fazem brilhar o diálogo capaz de fazer superar os maiores conflitos,
que irradiam a luz que vem da sua atitude permanente de amar e de servir…
Cada pessoa é uma estrela que Deus coloca no caminho dos homens
para os orientar nas suas existências.
Para lhes indicar o caminho que conduz seguramente à felicidade.
A vocação do cristão é a de brilhar como estrelas no firmamento do mundo.
Estrelas que são pontos de referência para quem tem horror à escuridão
e deseja chegar à pátria de luz.

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EPIFANIA


Queres reencontrar Aquele que veio
para salvar todas as pessoas?
Não o procures entre os ricos e os poderosos;
Ele é irmão dos pobres, pequenos e abandonados.
Não o procures onde brilham as luzes
do dinheiro, do sucesso e do poder;
Ele está na escuridão dos estábulos deste mundo,
aí onde as pessoas sofrem por causa da doença,
da solidão, da angústia ante o futuro incerto.
Não o procures onde se passam dias aprazíveis;
Ele está nos desertos da sede e da fome,
aí onde os homens lutam pela sua dignidade,
pela reconciliação e pela paz.
Não o procures no mundo da concorrência
e do cada um se arranje;
Ele está onde se fazem esforços sinceros
por instaurar a justiça social
e onde se trabalha na construção da paz.
Não o procures no teu coração agitado;
Ele está no presépio duma Palavra de Verdade,
no pão e no vinho,
sinais de uma vida entregue
para cada um de nós e para a vida
do mundo!

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01 janeiro 2007

VOTOS PARA ACOLHER 2007

Desejo-te, para o ano que começa,
não o sucesso em todos os teus empreendimentos,
mas de receberes e de acolheres
no teu coração e na tua vida,
dia a dia e passo a passo,
o amor de Deus que dá sentido à vida.
Desejo-te não de te livrares de alguns fracassos,
mas de acolheres como um dom imerecido
a força que te permite manteres-te de pé,
apesar dos pesados fardos.
Desejo-te não dias aprazíveis,
mas a capacidade de te deixares incomodar,
de acolheres todo aquele que é diferente
como quem recebe um enviado de Deus.
Desejo-te não de teres resposta para tudo,
mas de saberes receber as interrogações dos outros,
de carregares as suas penas, as suas preocupações,
os seus conflitos ainda não resolvidos,
para seres junto deles uma irmã, um irmão solidário,
portador de partilha e de paz.

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