02 dezembro 2006

ADVENTO

Digo Advento
e os teus profetas falam-me de rios no deserto,
rebentos brotando em troncos carcomidos,
lobos e cordeiros brincando juntos,
desterrados regressando à pátria, coxos saltando de alegria,
cegos vendo, grávidas sonhando um filho teu ungido.

Digo Advento
e recordo um povo de Patriarcas, Juízes, Reis, Sábios, Sacerdotes, santos e pecadores caminhando por entre víboras e chicotes, alternando Terra Prometida com exílios,
a fidelidade a Yavhé com o culto aos baals,
a solidariedade social com a exploração de órfãos e viúvas.

Digo Advento
e ouço o clamor dos hebreus no Egipto, a elegia dos israelitas na Babilónia,
a súplica do resto de Sião, as expectativas dos crentes de Tessalónica,
o desespero dos condenados de Awchvitz e Dachau,
o grito mudo dos famintos e moribundos em África e na Índia
e a tua garantia ao vidente de Patmos: “Sim, eu venho em breve”.

Digo Advento
e junto-me à prece do salmista:
“Que as nuvens chovam o Justo e da terra germine o Salvador”,
ecoa em mim o testemunho do profeta: “Deus é fiel”
e repito a invocação do teu apóstolo: “Vem, Senhor Jesus!”

Digo Advento
e no coração cresce a torrente de vinte séculos e milhões de vozes
em registos de todos os povos, raças, tribos e nações:
“Maranatha: Vem, Senhor nosso!”
“Maranatha: O nosso Senhor veio e vem!”

Digo Advento
e sinto que Tu já estavas nesta caminhada irresistível mas insegura,
neste grito claro mas indefinido, nesta certeza arraigada mas exposta.
E eras Tu que vinhas de longe ao encontro daquele Deus connosco
sabido porque esperado, esperado porque prometido.

Digo Advento
e sinto que Tu estás e vais e vens connosco.

E é Natal!

Sim, Tu és fiel, Tu és santo,
Senhor Yavhé, Emanuel Jesus, o Deus connosco até ao fim!
Glória a Ti!

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