21 fevereiro 2007

CINZAS


No rosto dos meus amados
não vejo senão rugas
e tiques acumulados.
Conheço à partida
as palavras que vão dizer
e que não despertam
a minha atenção.
O meu egoísmo está em aumento.
O amor extingue-se: CINZAS.

A minha oração fez-se repetição,
a missa tornou-se obrigação,
o próximo vê-se maçador,
Deus é um ser longínquo
e os meus empenhos
são monótonos.
A fé extingue-se: CINZAS.

Apesar disso, debaixo das cinzas,
está escondido todo o meu amor,
eu sei-o, e também a minha fé.
Vem, Senhor, soprar sobre elas
para que desperte e se erga
o FOGO ardente
do amor e da fé.


("Caminhos da Páscoa 94")

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